07 março, 2011

TRANSCENDÊNCIAS Na massa universal da matéria de nossos corpos seja luz etérea de estrelas, carne mineral de planetas, ou fogo, ou água ou planta, ou bicho não vejo alma daquela que no movimento se apresenta a vida. Aprendi que a religião é o sol em torno do qual gira o ser humano antes de ver em si mesmo o sol da sua existência. Ordem do tempo inimiga do novo dona da culpa ópio do povo organização racional da tristeza carrasco do meu desejo árbitro dos castigos aplicados por nós contra nós mesmos. Assim, feuerbachianamente, me tornei ateu. Mas, quando os vejo... com seu amor aos pobres, com seu compromisso com a vida na teia indissolúvel da solidariedade... Quando os vejo subindo as "sierras" de nossa América com seus terços e fuzis com sua fé e bravura... Quando os vejo nas madrugadas fabris nas estradas acampados repartindo o pouco pão... Quando os vejo reinventando a comunhão renascendo a cada dia fazendo da morte ressurreição... Quando nos abraçamos sobre nossa bandeira vermelha chorando lágrimas de raiva, alegria ou emoção... Da inexistência de minha alma chego a desejar que esta vida se supere em outra para abraçar mais uma vez os nossos mortos. E no calor vivo de nossas batalhas onde construímos a cada dia a aurora contra a noite que persiste consigo ver, nitidamente, entre a sombra e o escuro o rosto sereno de um deus que não existe. lUIS MAURO IASI POR INGRID ENCANTADA

Nenhum comentário:

Postar um comentário